A Justiça |
Em sua mensagem por ocasião da quaresma no ano passado, o Papa Bento mencionava em sua reflexão uma definição clássica de justiça, tirada do direito romano e imortalizada no latim como “dare cuique suum” que significa “dar a cada um o seu”. Se vivêssemos esta concepção de justiça estaríamos muito bem. O Roberto teria direito ao seu iate, mas tantos brasileiros teriam também direito ao seu exame médico, custasse o que este custasse. Esta concepção de justiça começaria a dar uma outra cara ao nosso país, cicatrizando assim a grande ferida da desigualdade social.
Pensar a justiça como uma virtude a ser vivida
era tarefa recorrente tanto para a Platão em sua obra A República, quanto para Aristóteles em sua Ética Nicomaquéia, que viam a justiça como fruto da relação
estado-coletividade. Aristóteles classificou a justiça em distribuitiva e corretiva. A primeira consiste em distribuir os
bens entre os membros da comunidade; a segunda invés tem como função corrigir
aquilo que é considerado injusto, restabelecendo assim a igualdade perdida,
punindo quem cometeu injustiças e premiando aqueles que a sofreram. Um homem
justo, ainda segundo Aristóteles, é aquele que observa a lei e procura ter na
sua vida nem muito, nem muito pouco, mas a justa medida.
Santo Tomás considerava a justiça como rainha
de todas as virtudes morais. É rainha porque, enquanto as outras virtudes
servem para fazer virtuosa quem as possuem, a justiça é louvável pelo fato da
pessoa virtuosa contribuir para o bem estar de toda a coletividade. Tomás ainda
recorda que, se a fortaleza é uma virtude admirável, sobretudo em tempos de
guerra, mas ainda o será a justiça, pois
o homem justo é admirado seja na guerra, seja na paz. E pensar que a sabedoria
popular, de uma certa forma, resumiu tudo isto no famoso ditado: “casa em que
falta o pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”. Realmente, “bicho, são tantas as emoções” em se ter um brinquedinho de 24 milhões de reais. Maior emoção será quando, o penhor desta igualdade, conseguirmos conquistar...
pe. Gil
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