sábado, 28 de maio de 2011

bebezinhos no lixo? Por que?

Fiquei de queixo caído quando vi no Jornal Nacional (29/04) que um bebê recém-nascido foi abandonado pela própria mãe em uma caçamba de lixo. Não fosse um catador de latinhas passar por perto e assim salvá-lo, este bebê teria a sua existência impedida, negada, surrupiada, confundido com o lixo que seria descartado... Mas em que mundo estamos vivendo? Pululam nos nossos dias campanhas a favor do aborto, da pena de morte, da eutanásia, da posse de armas, ou seja, campanhas que trazem no seu bojo uma grande relativização da vida humana. Em que ponto da história a civilização ocidental passou a conspirar contra a própria vida? Arrisco uma hipótese: a autonomia do homem, o progresso da técnica e o triunfo da razão aliado a um árido secularismo, levaram o homem a pensar que é senhor absoluto da própria vida, e fazer dela o que bem entender. Mas a vida humana é um dom, e como um dom nos é dada, portanto não nos pertence. A vida humana, senhoras e senhores, pertence a Deus, ponto.

Deus criador é o dono da existência. Ele nos criou e nos permite existir, mantém-nos na existência e a suporta. Um dia, esta existência, ao menos neste mundo, nos será tirada. Assim como o sol empresta ao dia a sua claridade e ao entardecer a toma de volta, também Deus que nos emprestou a existência, um dia a pedirá de volta. Isto tudo para dizer que, toda coisa criada, desde uma pedra ate a minhoca, desde um pé de coqueiro até o homem, tem uma existência que pertence somente a Deus, Senhor da vida.

Se a filosofia grega, com Parmênides e Platão, considera o mundo pura enganação, lugar da corrupção e da efemeridade, de tudo aquilo que passa e nada permanece, morada do não-ser, na fé Cristã não é assim. A fé Cristã afirma: Deus viu que tudo era muito bom! E é exatamente aqui que nasce a dignidade das coisas criadas. Toda a criação é digna porque objeto da vontade perfeita de Deus. Cada coisa participa segundo a sua essência do ser do proprio Deus. Santo Agostinho nos ensina que tudo aquilo que existe, possui nem que seja uma mínima essência, por isso, mesmo que seja um bem pequeníssimo ou ‘um quase nada’, continua sendo um bem e é de Deus.   

O homem e a mulher participam do ser de Deus de forma mais completa porque foram feitos à imagem e semelhança do Criador, justamente por isto possuem também uma dignidade mais completa. O que não quer dizer que as outras coisas criadas não possuem dignidade. Possuem-na, mas segundo a essência de cada uma delas. A pedra tem dignidade enquanto pedra, a minhoca enquanto minhoca, o coqueiro enquanto coqueiro. Enfim, segundo São Tomás de Aquino, cada coisa criada é boa porque responde a vontade divina. Tudo que é criado tem valor em si mesmo porque é fruto da vontade de Deus. E como a vontade de Deus é fundamentada em Deus mesmo e como Deus é o bem por essência, conseqüentemente todas as coisas são naturalmente inclinadas ao bem. Conclusão, todas as coisas existentes possuem dignidade, existem por vontade divina e por isso devem ser cuidadas, protegidas, amadas.

O bebê abandonado, que recebeu o sugestivo nome de Vitoria, despertou interesse de um grande numero de casais interessados em adotá-lo. O fato aconteceu no dia 29 de abril, quase uma semana depois da páscoa. È a vida que vence a morte!
pe. Gil

Nenhum comentário:

Postar um comentário